sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

A Economia Descartável e a Obsolescência Perceptiva

Posted on 21:08 by Marla Costa

Ainda ontem, fui dar uma saída para espairecer, relaxar um pouco e fazer umas das coisas que eu mais gosto de fazer: tirar umas fotos. Como a Fuji daqui de casa está impossibilitada de ser usada, peguei minha pequena Sony Cyber-shot (que eu já tenho há bem uns dois anos) e fui conferir a bateria. Para minha surpresa, estava completamente descarregada, e eis que eu tive a idéia de pegar emprestada a bateria da câmera de minha mãe, um também uma Cyber-shot da Sony, porém mais moderna. Para o meu espanto (mas nem tanto assim) percebi que a bateria de Lithium da Cyber-shot de minha mãe não cabia na minha (enquanto o tipo da minha bateria era G o da minha mãe era K).
A única coisa que eu consegui dizer foi: “Maldita seja a obsolescência programada!”
Okay, eu sei que, de certa forma, esse não é o melhor exemplo de obsolescência programada, mas me fez lembrar do assunto. E aí eu resolvi escrever sobre.


Ao longo das últimas cinco décadas, a “Economia Descartável” vem criando um gigantesco amontoado de lixo para o planeta. O atual sistema produtivo conta com as fases de Extração, Produção, Distribuição, Consumo e Descarte. Esse é o grande sistema da Economia de Materiais, porém, o grande problema desse sistema é que trata-se de um sistema linear, dentro de um planeta finito.
Como assim? – Um sistema linear significa retirar insumos de algum lugar, transformar e liberar produtos. Esses produtos, depois de utilizados são descartados, gerando a grande montanha de lixo. Em um planeta finito, é de se esperar que logo não haja espaço para tanto lixo.

Dentro desse sistema, a principal fase é a do Consumo.
Logo depois da Segunda Guerra Mundial, Victor Leboux, analista de vendas e conselheiro econômico do presidente americano Dwight Eisenhower, articulou a principal estratégia para reerguimento da economia, disse:




“A nossa enorme economia produtiva EXIGE que façamos do consumo o nosso modo de vida, que tornemos a compra e uso de bens em rituais, que procuremos nossa satisfação espiritual, a satisfação do nosso ego, no consumo. Precisamos que as coisas sejam consumidas, destruídas, substituídas e descartadas em um ritmo cada vez maior”.


Assim cria-se a sociedade vítima do consumo exarcebado.

A Obsolescência Programada e a Obsolescência Perceptiva:
Diante disso, traz-se para debate dois termos para o consumo: A obsolescência programada e a obsolescência perceptiva.
A Obsolescência Programada é o mesmo que dizer que um produto foi criado para ser jogado no lixo. Mais ou menos como os copos descartáveis, que são usados e depois jogados no lixo. Mas isso pode ser percebido em diversos outros tipos de produtos, inclusive eletrônicos.
Já a Obsolescência Perceptiva é o mesmo que deixar de utilizar produtos que ainda funcionam, só porque outros mais novos foram lançados. A maior geradora de obsolescência perceptiva é a moda, ajudada inegavelmente pela publicidade e a mídia em geral. Elas trabalham de forma a criar um modelo para a sociedade, e se você foge a esses padrões, é tido como menos importante.

A publicidade diz o que você deve ter para ser feliz, mas sabe de uma coisa? Você não fica feliz! Em meio à correria diária, todo e qualquer tempo livre que se tem são utilizados para ver televisão e fazer compras. Mais um ciclo vicioso em que você é inserido: Assiste TV e é convencido de que você não é feliz até ter tal tênis, até atualizar a versão do sistema operacional do computador, ou até comprar tal jogo. Assim, você sai de casa e vai pro shopping com o intuito de comprar aquilo o que te faz feliz. Depois volta pra casa, assiste mais televisão e vê que tudo aquilo já está obsoleto.
E depois? O que fazer com os produtos que já foram comprados? De acordo com um estudo, apenas 1% de todo o que compramos, nós continuamos a utilizar depois de seis meses. Ou seja, 99% de tudo o que compramos, em menos de seis meses vira lixo. E é essa montanha de lixo o que mais preocupa atualmente.

A Reciclagem - A prática dos 3 Rs da reciclagem tem ajudado muito na diminuição desse amontoado de lixo.
Porém, o “Reduza, Reutilize e Recicle” não são o bastante. É necessário adicionar outros RS como o Repensar, Reinventar e Reparar, especialmente o sistema produtivo.
O desafio agora é Reprojetar a Economia de Materiais de forma a torná-la sustentável, utilizando conceitos como equidade, química verde e desperdício zero.
Não é fácil, mas se cada um fizer a sua parte, pode-se modificar essa sociedade do consumo e torná-la a verdadeira aldeia global, baseando-se em desenvolvimento sustentável e na economia solidária.


Para um aprofundamento maior no assunto, eu indico o filme “A Origem das Coisas”. Vale a pena conferir:




Obrigada a todos que têm lido os posts, a recepção da galera ao meu blog está sendo bem legal!
Até a próxima!

2 Response to "A Economia Descartável e a Obsolescência Perceptiva"

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Victor Says....

Muito bom o texto !
Maldita seja a obsolescência programada... hehehe

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Jean Vasconcelos Says....

Às vezes eu penso muito nisso, mas tudo isso de obsolescência está envolvida com as corporações que influenciam a mídia que por sua vez influenciam nós, consumidores o que nos faz ficar em um ciclo vicioso de comprar, pagar , trabalhar; comprar, pagar, trabalhar... Nesse ritmo elas (as corporações) só vão aumentando, daqui a pouco a Google ta mandando no Barack Obama desde do começo da década ela está entre as primeiras empresas do mundo e subindo. É fazer o que, isso só de pende de nós, se não sairmos deste ciclo o governo vai se preocupar em tratar melhor as corporações do que a populção.

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